sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mata pai à facada após discussão



Esfaqueou o pai várias vezes por todo o corpo, deixando-o desfigurado e numa poça de sangue, simulou um roubo e ainda ateou fogo à casa. O estudante universitário, de 20 anos, só se preocupou em mudar de roupa depois de matar o próprio pai, anteontem, em Vila do Conde, e de esconder as provas. Acabou detido pela Polícia Judiciária do Porto, mas mantém-se em silêncio.
O empresário e campeão de póquer Manuel Cadilhe, de 49 anos, estava sozinho em casa quando recebeu a visita do único filho, Miguel, durante a madrugada. De pijama, abriu a porta ao jovem, que queria conversar. Os desentendimentos entre os dois eram cada vez mais frequentes e graves, mas sem que houvesse um motivo específico. "Tinham uma relação normal de pai e filho", descreveu ao CM Jorge Leite, amigo de Manuel Cadilhe.
Mais uma vez a conversa rapidamente se transformou em discussão. O jovem pegou na faca de cozinha e desferiu vários golpes no pai. Atingiu-o em toda a cara, pescoço, peito, braço e axila, o que indica que o empresário terá tentado defender-se e agarrar a faca. Depois de deixar o pai desfigurado, caído entre a cama e o roupeiro do quarto e envolto numa poça de sangue, Miguel pegou num gel usado como combustível em lareiras e regou o colchão da cama, antes de lhe atear fogo.
O estudante ainda tentou simular um roubo, retirando relógios, um portátil e a bengala que o pai usava desde que sofreu um acidente de viação grave. A seguir trocou de roupa, ainda em casa do pai. Juntou os bens do progenitor com a faca e a roupa, escondeu-os e regressou a casa da mãe, no Porto.
O jovem foi detido pela PJ ao final da noite de anteontem. Vai ser hoje presente a tribunal.
"NUNCA HOUVE PROBLEMAS ENTRE PAI E FILHO"
Em Luanda, Angola, onde Manuel Cadilhe vivia há vinte anos, a notícia foi recebida com surpresa. "Foi um choque muito grande. Nunca houve problemas entre pai e filho. Tinham uma relação boa, por vezes conturbada, dentro dos parâmetros normais", disse Jorge Leite, amigo da vítima.
Pai e filho estavam juntos várias vezes. "O Miguel esteve cá em Angola na passagem de ano, há dois anos. No ano passado esteve a estudar algum tempo na África do Sul. Depois foi tirar um curso de aviação em Beja, mas desistiu. O pai ajudava-o sempre financeiramente", revelou. "Depois do acidente de carro, em que ia o Miguel a conduzir, ele ficou abalado por ter causado aquelas dores ao pai", acrescentou Jorge Leite.
AMIGOS DO PÓQUER DÃO PÊSAMES A FILHO
Quando a notícia da morte de Manuel Cadilhe, conhecido pelo nickname ‘Neloco’ no mundo do póquer, foi inicialmente divulgada, os colegas da modalidade fizeram questão de prestar a sua homenagem na internet à vítima e de dar os pêsames ao filho. "Descansa em paz Manuel. Forte e sentido abraço Miguel. Força amigo", foi uma das muitas mensagens deixadas ontem no site da comunidade FutPoker. ‘Neloco’ jogava de forma amadora na liga de póquer de Angola. O filho Miguel também jogava, mas em torneios pequenos e on-line

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